Nesta 4a feira, 31/07/2024, a Amil comunicou, oficialmente, através de seu site institucional que não conta mais com 3 dos mais importantes hospitais da Rede D’Or: o Quinta D’Or, o Copa D’Or e o hospital pediátrico Jutta Batista. Estas suspensões de hospitais podem representar um prejuízo grande para a Amil em termos de perda de clientes de sua base e redução na taxa de novos clientes e levantam uma preocupação se a Rede D’or estaria adotando uma estratégia para enfraquecer outras seguradoras/operadoras de saúde para favorecer a Sul América.
Que a Rede D’or faz falta para a Amil, já está comprovado. Em 2019, a Amil tomou a decisão de suspender o atendimento da Rede D’or em seus planos, e registrou uma grande perda de usuários. Foi estimado que a Amil perdeu, na época, cerca de 15% de sua carteira de clientes no RJ, de modo que voltou atrás rapidamente e reatou seus laços com a Rede D’Or. O episódio pode ter mostrado para a Rede D’Or o quanto seus hospitais no Rio de Janeiro são importantes para a Amil e outras tantas operadoras/seguradoras de saúde.
A Rede D’Or comprou a Sul América em 2022. Na época, muito se falou sobre o prejuízo que a união de um dos maiores grupos hospitalares do Brasil com uma das principais seguradoras de saúde poderia trazer ao mercado. A Rede D’Or poderia deixar de aceitar planos de outras operadoras, para enfraquecê-las?
Por outro lado, a SulAmérica poderia reduzir a diversidade de sua rede, descredenciando alguns hospitais, a fim de direcionar mais para os hospitais de seu grupo? Ambas as empresas tranquilizaram o mercado neste sentido. A Rede D’Or disse, na época, que para eles é fundamental aceitar diversos outros planos para manter a taxa de ocupação do hospital elevada. A Sul América também enalteceu a importância da diversidade e capilaridade de sua rede para manter a competitividade de seu plano e continuar crescendo.
É importante dizer, ainda, que a Rede D’Or também é a maior acionista da Qualicorp, a maior administradora de planos de saúde do Brasil.
O Cade, Susep e ANS aprovaram a fusão entre as duas empresas em dezembro de 2022. Após 1 ano da conclusão da fusão, vimos observando alguns movimentos curiosos, para não dizer, preocupantes. Apenas em 2024:
Dificuldades de negociação entre outras operadoras que não Sul América e a Rede D’Or podem ser percebidas também observando-se alguns detalhes de rede de outros grandes planos. A Porto Saúde, por exemplo, nunca credenciou em sua rede o Hospital Jutta Batista e só credenciou o Gloria D’Or, outro importante hospital da Rede D’Or no Rio de Janeiro, para ginecologia e obstetrícia e nada mais.
Estes movimentos de mudanças de rede de hospitais em planos de saúde são normais e podem ocorrer com qualquer um. No entanto, estes casos relacionados à Rede D’Or e outras operadoras/seguradoras chamam mais a atenção pela sua fusão com a SulAmérica.
Isto enfraquece a concorrência e prejudica o consumidor. A ANS estabelece que, quando um prestador médico sai da rede de uma operadora, esta é obrigada a substituí-lo por outro equivalente, em região próxima. Na prática, no entanto, isto não funciona como deveria. Tomando como exemplo o Quinta D’Or, hospital de referência na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Amil relacionou, entre o similares, o Hospital Panamericano, que nem de longe tem o mesmo padrão de qualidade. A Porto, relacionou, como similar, quando perdeu a pediatria do Copa D’Or, o hospital Memorial de Botafogo, também longe de ser de um padrão similar ao Copa D’Or, e os hospitais Pasteur e Vitória, que não são perto de Copacabana, ou seja, não são alternativas ao Copa D’Or.
Na guerra entre operadoras e redes de hospitais e a formação destes conglomerados, a Amil e Rede Dasa, dona de diversos hospitais e laboratórios, anunciaram, em junho de 2024, a formação de uma joint venture, denominada Ímpar. Pode ser um contra-ataque à Rede D’Or/Sul América e, eventualmente, provocará algum tipo de retaliação no que se refere a credenciamentos de outros planos, principalmente da Sul América. No fim, quem perde é o consumidor, que vê planos já contratados se modificando significativamente, e reduz-se o potencial da ampla e livre concorrência.
E agora? Haverá uma fuga de clientes da Amil por estes descredenciamentos, como foi observada em 2019? Haverá descredenciamento de outros hospitais da rede Dor na Amil? A SulAmérica irá aumentar seu preço, em função de ter mais garantias que terá toda a Rede D’Or por muito tempo ainda?
São questionamentos que apenas o tempo irá responder. O fato é que, apesar deste descredenciamento, a Amil ainda conta com excelentes hospitais em sua Rede referenciada, tais como o Hospital Pró-Cardíaco e Samaritano, já a partir do plano S750.
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